A Teoria da Bomba Biótica.
Os físicos russos afirmam
que as árvores são responsáveis
pela distribuição dos ventos
e formação da chuva.
-Cidades estão ilhadas. Cerca de 100 mil pessoas ficaram desabrigadas. "O tempo anda louco", eis a frase leiga e padrão que mais se fala e mais se ouve na queixa das pessoas em relação às radicais discrepâncias climáticas. Vale para o Norte e Nordeste do País, vale para a região Sul também. A mais nova e polêmica explicação para tais fenômenos trata de uma revolucionária teoria sobre as chuvas, chamada "bomba biótica", e pode mudar os conceitos da meteorologia tradicional.
-Olhemos agora, por exemplo, não para a "loucura do tempo" em um único país, mas, sim, para a "loucura a dois". Por que chove tanto em algumas regiões distantes da costa, como no interior da Amazônia, enquanto países como a Austrália se transformaram em deserto? Os cientistas russos Victor Gorshkov e Anastassia Makarieva, do Instituto de Física Nuclear de São Petersburgo, sustentam, embasados na metodologia da bomba biótica, que as florestas são responsáveis pela criação dos ventos e a distribuição da chuva ao redor do planeta - como uma espécie de coração que bombeia a umidade. Esse modelo questiona a meteorologia convencional que explica a movimentação do ar sobretudo pela diferença de temperatura entre os oceanos e a terra.
-Ao falarem de chuva aqui e seca acolá, Gorshkov e Anastassia acabam falando de um dos mais atuais e globalizados temas: a devastação de matas. "São as florestas que trazem a umidade atmosférica para o continente. Destruir árvores modifica a direção dos ventos, tranca a entrada de umidade no continente e, no final, o transforma em deserto", dizem eles.
-Para o biogeoquímico Antonio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e principal proponente da linha da bomba biótica no Brasil, é somente ela que explica com clareza a contradição entre a seca e a aridez que estão minguando as lavouras na região Sul e as chuvas intensas que transbordam o Norte e o Nordeste. "O primeiro efeito da devastação das florestas é o aumento na frequência de todo tipo de clima extremo", dizem os pesquisadores russos. "São os sintomas de um sistema desregulado", endossa o brasileiro Nobre.
-A dinâmica do processo começa pela transpiração das árvores e consequente liberação de alto volume de vapor d'água. Ao subir, esse vapor encontra camadas de ar frio e se condensa, formando nuvens. É nessa condensação que a água passa do estado gasoso para o líquido, diminuindo de volume, e o ar acima das florestas se torna mais rarefeito, gerando queda da pressão atmosférica.
-Nesse ponto a bomba biótica, segundo seus defensores, entra em ação. A queda na pressão acima das florestas faz com que o ar de superfícies vizinhas seja puxado em direção a elas, e isso resulta em ventos. Se estiverem próximas ao mar, o ar úmido resultante da evaporação do oceano é puxado para o continente, possibilitando a circulação de água ao redor da Terra. Segundo Gorshkov e Anastassia, a evaporação de água é mais intensa acima das grandes matas que nos mares e a queda de pressão superior no continente sugaria o ar úmido do mar.
-"O efeito da evaporação e da redução da pressão atmosférica acima das florestas na circulação do ar é muito pequeno", diz o professor americano David Adams, da Universidade do Estado do Amazonas - ou seja, é uma voz contra a teoria dos físicos russos, que, segundo ele, estão supervalorizando a força da bomba biótica.
-Agora uma voz que lhes dá pelo menos o benefício da reflexão por parte da comunidade científica. Vem do climatologista José Antonio Marengo, do Inpe: "Precisamos considerar a viabilidade da tese, estudar mais o fenômeno para definir quão crucial é o papel da bomba biótica na circulação do ar." Se for provada a correção da nova teoria, isso torna o papel das florestas ainda mais essencial para o bem-estar do planeta. Enquanto a meteorologia convencional prevê que o desmatamento reduza as chuvas de uma região em cerca de 20%, a bomba biótica prega que tal redução pode bater na casa dos 100%.
"Destruir a Amazônia, por exemplo, significa transformar todo o continente num insuportável e inabitável deserto", diz Gorshkov.
-"As florestas podem mudar drasticamente o clima de uma cidade" Victor Gorshkov, físico
Todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos. Se a vida do planeta desaparecer, com ela some um elemento vital, que é a água. A água só existe por conta dos seres vivos entrelaçados produzindo-a. De onde vem nossa incrível arrogância? Difícil entender porque somos assim. Estamos indo para o requiém da humanidade e todos vivem como se estivessem numa rave. Enlouquecemos de fato. Sem a Amazônia e o Cerrado poucos brasileiros irão sobreviver. Brasileiros não, sul-americanos. Matamos o ser que sem ele, nossos corações não batem. Nossos corações só batem porque há um ser vivo na Terra capaz de armazenar a luz do sol. Nossa arrogância e indiferença será o nosso fim.
ResponderExcluirAbraço
Hugo